Resenha - Textos para Acalmar Tempestades

Textos para Acalmar Tempestades
Fabíola Simões, escritora, criadora do Blog A Soma de Todos os Afetos, é também dentista atuante no SUS.
Escreveu outros títulos além deste citado, como “Deixei meu Coração em Modo Avião”, um best-seller também publicado pela Faro Editorial.
Textos Para Acalmar Tempestades publicado neste ano de 2021, sendo sua mais nova publicação, traz em primeira pessoa reflexões feitas a partir de obras literárias, e até mesmo séries, em que a escritora se inspira e nos apresenta em forma de textos. Com uma escrita acessível nos envolve numa leitura bastante rápida, mas daquelas em que dá vontade de grifar e destacar partes que nos trazem identificação.
O livro é dividido em três partes, e assim que vou separa-lo nesta resenha escrita através da minha experiência como leitora.
Parte I: Nuvens se formando (Iniciando a jornada)
Como o próprio sumário do livro nos diz, esta primeira parte apresenta textos, poemas e reflexões referenciadas em obras literárias que inspiram a busca pelo sentido da vida.
De longe a parte que mais tive identificação, achei bastante bonita e cativante a forma que Fabíola nos envolve em suas reflexões, nos fazendo mergulhar cada vez mais nessas “nuvens em formação”.
“A vida tem seu próprio roteiro” foi a primeira frase que grifei, e imagino que muitos outros leitores se identificaram assim como eu. Se formos parar pra pensar, os anos de 2020 e 2021 foram bastante “fora do nosso roteiro”, onde nos deparamos com situações que fogem totalmente do nosso controle, com uma carga pesada e muitas perdas, onde as comemorações deixaram de ser a conquista de algo novo, mas sim o teste de covid negativado ou a alta da internação hospitalar. Sentimentos como “a vida tem seu próprio roteiro” podem ter sido bastante recorrentes, e se apegar nisso pode ter nos ajudado a entender que a vida pode acontecer como não planejamos.
Diversos trechos fizeram eu entrar em contato comigo mesma e com o que eu tenho vivido ultimamente: mudanças, dor, traumas, e a forma com que a escritora cita as obras e as encaixa em suas palavras me encantou.
Parte II: Chuva no Telhado (Encontro)
A segunda parte do livro nos traz a visão da autora do amor romântico junto as citações de obras literárias que também abordam este tema.
É abordado como são as conexões, sobre relações que desafiam e também a diferença entre lealdade e fidelidade.
A autora nos mostra sua visão destes temas e uma as suas citações importantes é o livro “Amor e Preconceito”.
Parte III: Tempestade (Dor)
Nesta parte a autora nos apresenta as citações de obras literárias envolvidas com suas visões e experiências da dor da perda, do desencontro e da angústia do apego.
Uma coisa que aprendi ultimamente é ler com criticidade. Podemos gostar da forma de uma escrita, podemos gostar de um capitulo e ao mesmo tempo encontrar problemáticas sérias e não concordar com o autor em algumas passagens. Foi que aconteceu em maior parte do tempo em que li este capítulo.
Tenho algumas visões de conceitos diferentes de Fabíola, e acredito que determinadas afirmações, principalmente se não forem colocadas como opinião pessoal, e sim como algo a se seguir, tornam-se perigosas e problemáticas.
“Algumas vezes
Você vai amar
E descobrir
Que o amor dói.
E você vai continuar
Não porque quer
Ser machucada
Pelo amor
Mas porque
Ainda não chegou
O tempo
De se despedir
Da dor
(e do amor)”
“Tão contraditórios quanto a rosa são a vida e o amor. Às vezes o amor machuca, mas ele não deixa de ser amor por isso”.
Os dois trechos que citei acima exemplificam o que eu disse sobre saber ler com criticidade e conseguir discordar com o escritor de maneira sábia, responsável e respeitosa.
Acredito que esta visão de amor é bastante comum entre as pessoas, mas para mim, o amor não dói, não machuca. Se faz doer, se faz machucar deixa sim de ser amor!
Romantizar a dor faz com que aceitemos o sofrimento em troca de ter alguém ali do nosso lado. E acho isso problemático porque sabemos que as relações abusivas acontecem de diferentes maneiras, mas acontecem. Se dói e machuca não é amor, eu repito!
O contexto em que são colocadas estas falas vem logo após do capítulo em que é abordado o amor romântico, e a minha correlação vem através disso.
Parte IV: Calmaria (Cura)
Este é o ultimo capítulo, o final de sua jornada. Como no próprio sumário descreve “conduz o leitor ao reencontro consigo mesmo” através de suas reflexões e citações de obras literárias.
Já no início do capítulo me deparo com um trecho em que realmente achei muito bonito:
“E, de repente,
Num dia qualquer,
Acordamos e percebemos
Que já podemos lidar
Com aquilo que julgávamos
Maior que nós mesmos.
Não foram os abismos
Que diminuíram,
Mas nós
Que crescemos.”
Achei bonito porque além de palavras são sentimentos de alguém que conseguiu seguir, apesar de tudo que pode ter acontecido. Nos mostra realmente um resultado de uma jornada, que é de longe fácil, em busca de “cura”, não a cura como “não tenho mais problemas” mas ela como a percepção de poder lidar com o que era julgado como maior que nós mesmos.
A escrita pessoal e com sentimento de Fabíola, apesar de não concordarmos em muitas situações, me fez ler para querer saber mais como ela encara suas dores, medos e “cura”.
Como leitora classifico com 3 estrelas.
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