top of page

Força e Coragem

Atualizado: 26 de out. de 2021

Estava pedindo respostas ao universo e me sentindo cada vez mais perdida. Estava pedindo sinais a Deus e me afastando cada vez da minha fé. Não tenho religião, mas estava me afastando da minha espiritualidade. Acho que estava desencantada da vida. Aquela sobrecarga de trabalho, a busca pelo sucesso profissional, os traumas e cada vez que alguém me olhava e me via definhar falava “você é forte e corajosa” e eu cada vez que ouvia essas duas palavras: FORTE E CORAJOSA, eu me encolhia, era aversivo, era pesado. Mas pensava “sim, tenho que ser forte e corajosa então vou aguentar”. As definições de forte e corajosa que eu tinha são diferentes das que eu tenho hoje. Pra mim, ser forte era não chorar, receber os tapas da vida de cabeça erguida. Ser corajosa era estar aguentando aquela infelicidade que eu chamava de rotina. Na minha cabeça então eu estava sendo forte e corajosa, e era reforçada assim, e odiava isso, só não sabia. Não sabia porque eu era forte, então eu não me permitia sentir. E como que a gente fica sensível aos possíveis sinais, seja do universo, seja de Deus, dos Deuses, da Deusa, do nosso corpo, se eu não me permitia sentir? Toda vez que eu tinha um episódio forte eu ia para a emergência, me medicava e no dia seguinte estava na minha rotina de novo. “Não posso parar” era o que eu pensava, mais precisamente “não posso parar porque sou forte”. Hoje eu olho pra tudo isso e penso: você entendeu tudo errado, Jami. Mas a culpa não é sua, você foi ensinada e reforçada constantemente pela vida. E muitas pessoas seguem assim, a sociedade cobra muito isso. Mas não somos robôs. E foi depois do meu último e mais forte episódio que eu “larguei uma carreira em construção”. Me vi sem rumo, sem renda, sem propósito. Me vi “fracassada” e “destruída”. Não tinha forças pra continuar em frente muito menos para voltar ao que era antes. Só em pensar eu piorava. E estava em negação, não aceitava me ver assim. Não aceitava que aquilo era eu machucada, com dor. Só me afundava cada vez mais. E me joguei na terapia, longo processo, nenhum pouco fácil. E me permiti sentir. Me expressei. Aceitei a situação em que eu estava como um processo que eu precisava passar para seguir. Pensei que estar nesta realidade era melhor que estar da realidade da vida antiga, então foquei em estar aqui e agora. Agora eu entendo que se quiser chorar, chore. Se sentir tristeza, se permita sentir. Vivenciar a dor e sofrimento inevitável ajuda a seguir em frente. E hoje eu escrevo sobre força e coragem com sentimento. Um sentimento real. Aos 27 anos eu entendi e aprendi que chorar não é feio, sentir tristeza não é errado, se ver vulnerável faz parte de ser humano, fins muitas vezes são necessários, vivemos processos. Se permitir sentir é doloroso, mas pode ser libertador. E isso é ter força e coragem. Então eu digo: sou forte e corajosa.


6 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

A Troca

bottom of page