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Baixa no CREFITO

Ainda não conversei com ninguém sobre, e amanhã tenho consulta com o psiquiatra e com certeza isto é algo importante para conversar, decidi escrever. Escrever para primeiro, antes de tudo, conversar comigo mesma. Entender a mim mesma, me acolher, me permitir sentir.

Então...


- Oi Jamily, sou eu, Jamily.


Bom, por onde eu começo... Já faz algum tempo que decidir dar baixa na mina inscrição do CREFITO, por motivos práticos e simbólicos também.

Práticos: é simples, não estou atendendo, e a anuidade continua lá cobrando.

Simbólicos: eu sabia que a partir do momento que eu enviasse os "docs", significava o encerramento de um ciclo. E já vamos falar sobre isso.


Não tenho datas mas sei que este processo de baixas já vem acontecendo a meses, desde que decidi pesquisar sobre enviar um e-mail perguntando sobre documentação e tirando dúvidas.


Mesmo sabendo o que eu queria fazer, eu comecei a deixar para depois, para outro dia, outra oportunidade. Criando prazos sem sentido na minha cabeça. E toda vez que eu ia aos Correios ou à Curitiba, eu pensava nisso- era um pensamento passageiro- e que eu não queria que se estendesse.


Eu tenho estado num processo de expressar e de me expor para as pessoas em redes sociais e isso me ajudou a enfrentar a realidade. É como se eu tirasse um - ok, todos sabem agora- posso dar sequência com planos, nova carreira, novos sonhos. E quero falar mais sobre isso.


Mas eu sentia que eu precisava dar um passo "eu por mim", ou... nós por nós, Jamily.


Fechar um ciclo literalmente, para de fugir de algumas coisas desconfortáveis, mas que, agora, para mim são importantes.


E um desses passos foi enviar meu documentos da baixa. Era uma segunda, eu precisava ios Correios para enviar encomendas da Petúni, minha marca, e decidi imprimir o requerimento. Impresso eu preenchi e assinei. Assinado eu envelopei e enderecei. Entrei no carro e saí.


Chegando aos Correios: fila. Sem vaga de carro por perto e pensei "é um sinal"- depois pensei- toda vez que eu venho a esta hora é cheio assim.


Fui dar uma volta, talvez duas, e quando passava em frente a fila continuava. Quando vi uma vaga, parei. Pensei: e se for realmente um sinal do universo e eu estou ignorando? - Então me perguntei: o que eu quero fazer? E eu disse: quero enfrentar isso.



Fiquei um tempo no carro pensando que eu poderia ir só entregar as encomendas, não precisava enviar os documentos naquele momento.


Suando frio eu desci, peguei o envelope e a encomenda e fui até a fila.


Eu imaginei que seria diferente, que passaria um filme na minha cabeça dos momentos bons, que eu ficaria nostálgica, chorosa, que pensaria mais vezes sobre a decisão.


Realidade? Pensei como estava calor, no covid, na fila, se eu teria colocado tudo certinho na encomenda. O que eu comeria depois?


Até agora eu estou tentando entender o porque o filme dos momentos bons, das crianças, das conquistas, não está passando pela minha cabeça.


Eu não deveria estar me sentindo nostálgica?


Não deveria me sentir com medo ou arrependimento, ou como assim?


Mas eu não me sinto assim.


Eu sinto que eu consegui enfrentar algo delicado mas importante, e foi isso.



Será que é cedo ainda?


Será que ainda não caiu a ficha?


Será que eu não me sinto assim porque é algo que eu já queria e sabia que precisava fazer?


Não sei.


Sei que quero enfrentar outro peso: doar os brinquedos que tenho guardado da atuação na pediatria.



Por Jamily Hamud.


14.09.21

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